“Eu vi os expoentes da minha geração destruídos pela loucura, morrendo de fome, histéricos, nus, arrastando-se pelas ruas do bairro negro de madrugada em busca de uma dose violenta de qualquer coisa...” uivou o poeta americano Allen Ginsberg, em seu poema mais famoso, Howl (o uivo). Essa foi a tônica de uma geração, na qual ele viveu intensamente . Nascido no dia 3 de julho de 1926, em Newark , Nova Jérsei, a loucura sempre esteve presente em sua vida desde muito novo. Sua mãe, Naomi Levy Ginsberg, comunista, nudista e insana, acreditava haver uma conspiração do mundo contra ela, tentou suicídio e por diversas vezes foi internada no hospital psiquiátrico de Greystone. Nos períodos em que Naomi se ausentava, Allen e seu irmão Eugene, ficavam aos cuidados do pai Louis Ginsberg, que começou muito cedo a recitar Charles Dickison e Edgar Alan Poe a seus filhos. Durante a grande depressão americana, sua família mudou-se para Paterson, onde Ginsberg terminou o segundo grau, e decidiu estudar direito. Ganhou uma bolsa da Young Men´s Hebrew Association of Paterson to Columbia University, onde acabou se decidindo pelo estudo da língua inglesa. Momento importante da geração beat, na qual conheceu Jack Keroauc, William Burroughs e Neal Cassady com quem teve seu primeiro relacionamento homossexual. Por estar envolvido com Lucien Carr que havia cometido um assassinato, Ginsberg foi suspenso da faculdade por um ano, e teve de trabalhar como lavador de pratos, soldador e porteiro, antes de se formar em 1948. Um ano depois, foi preso por usar um carro roubado, emprestado por seu amigo escritor, Herbert Huncke. Alegou insanidade, e foi internado por oito meses numa clinica psiquiátrica, onde conheceu Carl Solomon, a que mais tarde dedicou seu poema “O uivo”. Ao voltar a Paterson, conhece o escritor William Carlos Williams e o jovem poeta Gregory Corso. Militou pela liberação das drogas e junto com Ken Kensey foi a figura principal do movimento psicodélico. Antes de se entregar por completo a poesia, Allen trabalhou na revista Newsweek de 1951 a 1953. Em 1956 “ O Uivo” é publicado, torna-se um sucesso editorial vendendo milhões de cópias. No mesmo ano, sua mãe, Naomi, morre de hemorragia cerebral, e no dia de seu enterro, Allen escreve o poema Kaddish em uma hora e meia. Após a morte dela, viajou para o Pólo Norte em companhia de Peter Orlosvsky, sua eterna paixão. Ginsberg foi finalista do prêmio Pulitzer, com Cosmopolitan Greetings: Poems 1986-1992. A obra marcada pelo modernismo, ritmos e cadências de jazz, fé budista e ascendência judaica, foi a ponte entre os Beats dos anos 50 e Hippies dos anos 60. Criador da expressão Flower Power, foi pioneiro na luta pelos direitos dos homossexuais nos Estados Unidos, sempre defendendo a livre expressão. Participou do evento Human Be-In, em São Francisco (1967), onde foi um dos que conduziu a multidão cantando o mantra OM, pela paz no mundo. Fez palestras em universidades contra a guerra do Vietnã, marchou contra a C.I.A., contra o xá do Irã e foi preso nos episódios da convenção democrática em Chicago. Foi deportado de Cuba depois de denunciar o tratamento dado aos homossexuais. A conversão ao Budismo e a devoção ao guru Chögyam Trungpa mudaram sua vida, sua poesia e seu modo de ver o mundo. Após a morte de Jack Kerouac ajudou a fundar a Kerouac School of Disembodied Poetics no Naropa Institute, a primeira universidade budista da América. O corpo docente era formado por todos os seus amigos beats ainda vivos, Corso, Burroughs, eram alguns desses sobreviventes. Recebeu prêmios, títulos “Honoris Causa” e criou uma empresa, "Allen Ginsberg Industries", com sede em Nova York, que proporcionava uma espécie de “bolsa de trabalho” para poetas com dificuldades econômicas. Irwin Allen Ginsberg escreveu intensamente até morrer de câncer no fígado, no dia 5 de abril de 1997.
domingo, 25 de fevereiro de 2007
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