Adam Sandler não é uma unanimidade no meio cinematográfico, porém, tem um grande público lá fora, e aqui no Brasil. Suas comédias são grande sucesso de locações, mas nunca de crítica. Sandler teve duas grandes atuações na carreira até agora. Em 2002, no excelente Embriagado de Amor de Paul Thomas Anderson, e no pouco visto, Reine Sobre Mim de Mike Binder. São dois dramas, no qual ele saiu muito bem, e não teve seu valor devidamente reconhecido.
Desde que estreou no cinema com Happy Gilmore, onde fazia um homem com cabeça de criança, e montou sua própria produtora, a Happy Madson, Sandler fez comédias para a família (Paizão), escatológicas (Little Nicky), e dramáticas (Click). Em Como se Fosse a Primeira Vez, talvez tenha feito seu maior sucesso, por não ter apelado tanto e colocado um pouco de sentimento em meio ao romance com uma moça que precisa ser conquistada todo dia. Em 2007 lançou “Eu os declaro Marido e Larry”, e agradou novamente o público, mesmo tratando do tema do homossexualismo totalmente estereotipado.
Estereotipo. Essa é a palavra que começo usando para descrever a atrocidade cometida por ele em “Zohan – O agente bom de corte”. Interpretando um agente do Mossad que finge sua morte para seguir seu sonho de ser cabeleireiro nos EUA.
Não sou moralista e curto humor politicamente incorreto praticado por ele vez ou outra, mas dessa vez Sandler errou feio. Os trejeitos de Zohan são de dar vergonha de assistir ao filme com alguém do lado. O personagem anda como se dançasse disco music dos anos 70/80, e usa camisetas agarradas com a foto da “cantora” Mariah Carrey.
O “sotaque” árabe é irritante, e forçado (semelhante ao sotaque do leste europeu que Angelino Jolie tentou fazer em Alexandre).
O filme mostra a rivalidade entre israelenses e palestinos de uma forma que é impossível de acreditar como não houve boicote ao filme por instituições ligadas as duas partes após um ano que filmes como “Ensaio Sobre a Cegueira” e “Trovão Tropical” foram boicotados por mostrar respectivamente cegos como monstros, e negros de uma forma novamente estereotipada . Imigrantes árabes são mostrados como vendedores aproveitadores de eletrônicos de segunda, e taxistas emputecidos que pouco se importam com seus passageiros.
Ainda assim o que mais espanta na ruindade do filme, é que Sandler se juntou ao Midas da comédias norte-americana, Judd Appatow , diretor dos excelentes Ligeiramente Grávidos e O Virgem de 40 anos e produtor de Superbad. Appatow roteirizou o longa juntamente a Sandler e Romert Smigel (que até então só tinha experiência em roteiros do programa , Saturday Night Live). O filme não mostra nenhuma das características presentes em outros longas que tiveram o toque do produtor. Zohan tem superpoderes, e transa freneticamente com as velinhas que aparecem no salão para “cortar cabelo” com ele. Isso não pode ter surgido da mente criativa de Appatow, que sempre da uma profundidade maior as comédias que participa. O filme tem cenas constrangedoras de péssimo mau gosto e sem graça. Um bom exemplo é o bate bola usando um gato como bola, ou a transa de Zohan com a mãe de um amigo. O roteiro é composto por frases do tipo “Escute seu pinto” ou “Eu vou levar você pra dançar após transar com sua mãe”. Ainda há uma tentativa hipócrita de passar uma mensagem “legal” sobre a briga entre palestinos e israelenses, quando Zohan se apaixona pela cabeleireira palestina.
O ator John Turturro repete a parceria que fez com Sandler em “A Herança de Mr Deeds”, mas dessa vez entra no clima do filme e entrega um papel tão ruim, quanto o apresentado em Transformers.
Esse certamente é o primeiro grande erro na carreira de Adam Sandler e Judd Apattow, que terão a chance de se redimir com a comédia “ Funny People”, que se passa nos bastidores do stand-up norte-americano.
Quanto ao Zohan, façam de acordo com o nome origianl ( You dont mess with Zohan), e não mexam com ele.